Já lidamos há algum tempo com o fato de que a pandemia do coronavírus faz com que a retomada econômica do Brasil seja especialmente indefinida. Porém, uma certeza já conhecemos: o mundo não será mais como antes. Termos como “o novo normal” já vêm sendo amplamente adotados, mas não sem trazer junto uma grande interrogação: que novo normal será esse?
Certamente, ele vai passar pelas profundas reflexões que a crise trouxe, em todos os âmbitos. Desde a esfera pessoal, relacional, até no que diz respeito à economia e ao mercado, a transformação é certa.
Nosso post tem a intenção de trazer alguns levantamentos acerca do que se sinaliza para a retomada econômica do Brasil, compartilhar pesquisas e percepções. Acima de tudo, apresentar o nosso olhar e abrir espaço para que nossos leitores também contribuam com suas impressões. Afinal, uma das apostas da Dafo Brasil é que o futuro será colaborativo! Vamos juntos? Siga a leitura e entre nessa conversa com a gente:
O “novo normal”
Para além da crise sanitária e econômica mundial, podemos concluir que o mundo passa por uma profunda reestruturação da ordem econômica global.
Vivemos um momento que pede paciência, resiliência, ao mesmo tempo que exige observação acurada, flexibilidade, estratégia para definições e tomadas de decisão ágeis. Alguns rumos estão sendo assinalados. Algumas mudanças já se consolidaram.
Um artigo da Mckinsey & Company, referência mundial de consultoria em gestão, mostra que as ferramentas que tínhamos não vão funcionar mais. O contexto chama para ações elencadas em cinco estágios – cada um de acordo com seu contexto local das instituições: resolução, resiliência, retorno, reimaginação e reforma.
1. Resolução:
É o momento em que estamos, no qual há a necessidade aguda de tomada de decisão e de determinar escala, ritmo e profundidade das ações em todas as esferas.
2. Resiliência:
Os planejamentos deverão ser, ao mesmo tempo, flexíveis para absorver mudanças imediatas e pautados pela resiliência. Devem ponderar as decisões difíceis em prol de um futuro sustentável, em termos sociais e econômicos.
3. Retorno:
O retorno da saúde financeira passa por reajustar o timing de toda a cadeia de suprimentos, bem como o fôlego de cada um dos seus elementos em responder à retomada em maior ou menor tempo.
4. Reimaginação:
As empresas que conseguirem ter uma percepção mais acertada sobre as novas formas de viver, trabalhar, produzir e usar a tecnologia vão sair do status de crise para o de oportunidades com grandes chances de sucesso.
5. Reforma:
Com base nos aprendizados, a reformulação das experiências sociais e políticas vai buscar soluções econômicas, de saúde e educação que proporcionem maior resistência a choques de grande magnitude.
O cenário da retomada econômica no Brasil
Se a pandemia impactou a saúde e a economia de todas as sociedades do mundo, no Brasil ainda experienciamos reflexos políticos com traços específicos ao cenário em que vivemos.
Contudo, nosso objetivo é produzir insumos para um debate que envolva saídas, de forma transparente e honesta. Tudo isso, é claro, sem deixar de lado a contextualização e os elementos que impactam nisso diretamente.
Sendo assim, mapeamos alguns dos setores que demonstram boas perspectivas de reação, tendências, oportunidades e novas posturas de mercado, apontando para os rumos da retomada econômica do Brasil:
Segmentos e Mercado
- Construção Civil: as soluções buscam responder aos intensos desafios do setor, que vinha sinalizando um promissor crescimento antes de crise. Segundo o artigo da C3 Clube, as principais entidades da construção civil assinalam que as saídas apontam para a industrialização da construção, para as habitações de interesse social e tecnologias aliadas a propósitos, como a sustentabilidade – ambiental e do local de trabalho e modelos de negócios como as construtechs.
- Agronegócio: não é à toa que a hashtag “agro não para” é uma ilustração forte de como vem se comportando o setor e, por isso, um dos pilares da retomada econômica do Brasil. O agronegócio responde não somente se mantendo, mas apresentando ainda sinais claros de aquecimento. Em abril deste ano, as exportações bateram recorde e ultrapassaram a barreira dos US$10 bilhões.
- Transformação Digital: se a digitalização, adoção de inovações e processos ágeis de gestão antes eram uma tendência, agora eles são realidade. A crise imprimiu muito mais velocidade na adesão à transformação digital. Ela vai muito além da implementação de ferramentas digitais ou metodologias: para que exista de fato uma transformação, isso precisa acontecer no nível da cultura organizacional. Home office, videoconferências, ferramentas digitais, comunicação online são apenas os seus desdobramentos.
Tendências e Novas Posturas
- Trabalho
As novas necessidades que a pandemia impôs deram sentido a formas de trabalho antes restritas a algumas profissões, como freelancers ou profissionais do mundo das startups.
O home office vai ser adotado definitivamente por 78,3% das empresas após a atenuação da pandemia. A prática já se mostrou eficaz no sentido de evitar trânsito e aglomerações em transporte público, além de dar mais autonomia na gestão de tempo e qualidade de vida dos profissionais.
O amplo acesso a cursos livres, qualificações e certificações nunca esteve tão em alta, fortalecendo conceitos como lifelong learning e microlearning.
- Sustentabilidade
Se por um lado a retomada econômica no Brasil depende da recuperação do consumo, por outro lado a forma de fazê-lo por meios consistentes terá como base a sustentabilidade.
Para além das questões primordiais de defesa do meio ambiente e da sociedade, a sustentabilidade se traduz na modernização de parques produtivos, qualificação de profissionais e adoção de novas tecnologias.
- Formas de viver
As grandes transformações previstas para as dimensões do comportamento, relações e consumo envolvem profundas mudanças de valores.
Inevitavelmente, o isolamento social provoca reflexões, revisão de princípios e prioridades. Isso se reflete em um espírito mais colaborativo entre as pessoas, fortalece laços humanos e o entendimento das responsabilidades de cada um enquanto membro de comunidades.
Novos hábitos de consumo vão se consolidar no espírito de “menos é mais”. Não somente devido à escassez, mas no sentido de buscar um consumo mais consciente e com menos impactos ao ecossistema como um todo.
Este recorte traduz um dos momentos do contexto intenso em que estamos vivendo e pretende oferecer uma contribuição para as reflexões que buscam saídas para a retomada econômica do Brasil.
A nós cabe, agora, o olhar atento e empático, a resiliência, a força e a união para além do discurso, comprometidos com um engajamento real. E, certamente, com muito trabalho, visão do todo e compromisso com o que podemos entregar de melhor. Não só para o mercado e para a economia, mas sobretudo para toda a sociedade.
Como você vem lidando com seus desafios? É fundamental ter uma visão colaborativa na construção de novos caminhos. Deixe sua contribuição nos comentários!